Conheça essa prática sustentável na moda que une criatividade, design e ética rumo a um futuro sem desperdícios e de menor impacto ambiental
Para o comerciante pode parecer uma ideia assustadora mudar o seu processo de produção. Mas não há motivos para esse medo, pois o zero waste ou resíduo zero é um apanhado de benéficos para o desenvolvimento da sua coleção de moda. Design criativo, diminuição drástica do impacto ambiental, aproveitamento do máximo possível da matéria-prima e acréscimo de valor social da marca são algumas das vantagens.
“A indústria do vestuário descarta cerca de 15% do que produz, o que a longo prazo gera um problema de grandes proporções: este prejuízo não é só financeiro como também socioambiental”, como diz Francis da Silveira Firmo em seu artigo sobre a técnica.
E se você está imaginando que esse pensamento sustentável é uma lógica do nosso tempo, engano seu. Veja só que interessante! Os egípcios 3000 anos antes de Cristo já faziam o aproveitamento total do tecido, com a amarração de tangas e mantas junto aos seus corpos.
Certamente já não vemos mais as pessoas saírem pelas ruas usando tangas e mantas como os egípcios, entretanto algumas modelagens da antiguidade permaneceram vivas, e hoje em dia, para algumas delas podemos dar o nome de zero waste, os exemplos são: túnicas da cultura egípcia e de outros grupos étnicos do oriente médio, e os quimonos trajes tradicionais da cultura japonesa.
O zero waste está essencialmente no processo de desenvolvimento e design, é neste momento que acontece um estudo de moldes preocupando-se em como fazer uma modelagem adequada, e por consequência, cortar o tecido de uma maneira que não ocorra nenhum tipo de desperdício.
Na moda sustentável o zero waste é uma ferramenta de protagonismo para a estrutura da peça, e desta forma ao ser produzida ela garanta um aproveitamento total do tecido.
Mas, no fim das contas como essa metodologia é posta em prática? Como é feito esse molde zero waste?
Existem várias técnicas de criação de moldes zero waste, por exemplo a Minimal Seam Construction (David Telfer) que reduz o número de moldes em uma peça para utilizar o máximo que o tecido pode oferecer; o Square-cut Pattern (Carla Fernández e David Andersen) usa formas geométricas e assim proporciona pouco desperdício; uma outra técnica é a Jigsaw Puzzel (Holly McQuillan, Timo Rissanen e Sam Formo) que utiliza os moldes como se fosse um quebra-cabeça considerando as “sobras” como elementos da roupa.
O zero waste não se trata apenas de um aproveitamento total da matéria prima ou de pensar criativamente no desenvolvimento de uma roupa para evitar o desperdício, não! Não é somente isso, é também reconhecer o valor e o impacto de toda a linha de produção.
A marca novaiorquina Zero Waste Daniel, por exemplo, produz roupas e acessórios exclusivos aplicando a arte da costura aos resíduos da indústria da moda.
“Eu não faço trabalhos que machuquem ou oprimem pessoas, que fazem alguém odiar seu corpo ou seu rosto, ou que polui a água de alguém. Estou disposto a trabalhar com o que temos, não me importa quanto tempo leve, me importo se você está bem. Eu me importo que seja feito aqui, que seja justo. ” – ZERO WASTE DANIEL
Outra marca brasileira que desenvolve o trabalho de zero waste nas suas peças é a Tsuru Alfaiataria, que trabalha as modelagens com formas geométricas e respeitando as dimensões dos tecidos, utilizando pregas e pences assemelhando-se a técnica do origami.
Outro diferencial é o fato de não utilizarem zíperes, botões e elásticos para os fechamentos e ajuste das peças ao corpo, e sim métodos de amarrações com tiras.
E você já sabia o que era zero waste? Acredita nesta prática como uma forma de proteger o meio ambiente? Queremos saber a sua opinião, conte para a gente! Vamos conversar sobre um mundo melhor.